quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Nova Banda de Humberto Gessinger

Não é um projeto minimalista. E não poderia ser em se tratando de Humberto Gessinger. Também não se trata de revelar a mais nova tendência musical do momento, até porque esse também nunca foi o norte de HG, ou AgAgê, como ele mesmo diz. Pouca Vogal, que une Humberto e o guitarrista Duca Leindecker, ganha sua primeira prova de fogo junto ao público na sexta, dia 17 de outubro, no Teatro do Bourbon Country. Serão apenas os dois, além de uma série de “brinquedinhos”, que vão de violões, guitarras, viola caipira e percussão a teclados tocados com os pés.

Acomodado em sua residência/estúdio, Humberto Gessinger falou sobre o trabalho e de seu processo de composição. E também sobre como está sendo trabalhar ao lado de Duca, que o chocou quando o viu tocar pela primeira vez, ainda nos anos 80. “O Duca é mais zeloso pelas coisas técnicas. Eu sou mais emoção. E é esse equilíbrio que faz as coisas funcionarem”, já dispara HG.

O Pouca Vogal, que é uma brincadeira justamente com a falta de vogais de seus sobrenomes, foi gestado em pouco mais de quatro meses. Embrionariamente, saiu de canções como “Vôo do Besouro” e “Além da Máscara”, compostas por Humberto em meio à turnê de “Novos Horizontes”, com o EngHaw” mas que foram já pensadas para esse projeto. E o processo de composição se deu mesmo pela Internet, com trocas de e-mails, letras e músicas, como em “Depois da Curva” e “Breve”.

O que se verá no palco serão dois músicos conectados por uma série de convicções, que vão das musicais à poética, e Pouca Vogal transcende a estética dos “acústicos”. “Na realidade, eu não sei do que se trata, o que vai dar (o projeto). É como uma planta baixa, com sala, quarto, cozinha. Não sei como vai ficar”, diz HG. “Meu lance é bater, pulsar, não racionalizar”, diz, quando o assunto pende para a importância ou não de como o público receberá essa nova fase. “Há muito desconectei alguns cabos da recepção”, completa. “Acho que o maior sinal de respeito de um artista em relação ao seu público é não pensar nele na hora em que cria. Não dá pra se impor limites. Deve ser muito chato ter um domínio completo sobre a composição”, argumenta. A declaração vai justamente ao encontro do fazer poético de Humberto. De onde vêm as canções então? A resposta não poderia ser mais direta: “Arte não te faz querer fazer arte. O que me faz é a vida real”, tão direto como nas letras de “Pra Quem Gosta de Nós” e de “Tententender”, uma das mais belas do trabalho. “Um homem acossado por um carro na rua, alguém que atravessa essa rua, os carros que passam, tudo isso pode virar uma canção. Não consigo pensar em compor depois de ver um filme, ver um quadro”, completa.

As músicas já podem ser baixadas pelo site do duo, e o show, além das oito inéditas, ainda terá “A Força do silêncio”, música que acabou entrando no álbum da Cidadão. Mesmo carregando a fama de contraditório, HG diz que um dos propósitos de Pouca Vogal é acentuar o lado do ofício da música. “O músico ouve com os dedos, enxerga o mundo com os dedos. Tenho prestado mais atenção nos calos, nas cordas gastas, nas palhetas quebradas, nos arranhões nos violões”, completa. A idéia é compartilhada com Duca Leindecker, olhando justamente para suas mãos e entusiasmado pelo show de sexta. “Cara, vai ser muito bom tocar as músicas desse projeto, além das do Engenheiros e da Cidadão Quem na mesma noite”, diz o guitarrista. Serão só dois para encher uma noite de música e provar (não que precisem) que menos é mais.


Fonte:Daniel Soares, Jornal Correio Do Povo

3 comentários:

  1. "nova tendência do momento"?

    E vocês que cultuavam o HG como homem politizado.

    Pra mim ele nunca passou de um Bono Vox desnutrido.

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  2. Eita Renato, nunca deixou desse revanchismo.

    o EngHaw sempre foi melhor que o Titãs msm rapá!!rsrsr

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  3. as musicas deles tambem tem uma

    uma filosofia muito correta sendo que

    sao parte de um conceito de vida dependendo

    de qual musica e claro...

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