O autor da biografia do escritor Paulo Coelho diz que se surpreende que o escritor esteja vivo após experiências com drogas ou a prática do satanismo. Em entrevista à Efe, Fernando Morais (foto) diz que devido aos excessos cometidos pelo escritor pensou em batizar sua biografia de "O sobrevivente".
Morais seguiu durante três anos a vida de Paulo Coelho, além de pesquisas em seus diários íntimos e averiguou tudo sobre sua vida para escrever "O Mago".
O biógrafo confessa que esperava "uma coisa doce, normal" da vida de Coelho, mas afirma que ele está mais para um sobrevivente. "Ele nasceu meio morto, em coma, quase morre ao nascer e depois pelas drogas, pelos eletrochoques, pelas práticas satânicas, pela repressão política da ditadura, mas sobreviveu a tudo."
"A história de Paulo é um presente para um biógrafo", disse. Em meio às suas 600 páginas, a biografia relata as experiências de Coelho com a dependência a todo tipo de drogas na adolescência, a internação em três ocasiões em hospitais psiquiátricos, as sessões de eletrochoques e a filiação a religiões satânicas.
Além disso, fala ainda sobre seu sucesso como compositor de rock, ao lado do músico Raul Seixas, e suas experiências homossexuais.
"Paulo Coelho não sonhava em ser um bom escritor, ele queria ser um escritor lido no mundo todo", disse, "poderia ter sido jornalista, músico, dramaturgo, executivo de uma fonográfica, mas concentrou todas suas energias nisto". Com 35 milhões de livros vendidos no mundo, Coelho é um dos escritores mais lidos da atualidade.
Surpresas
Para escrever o livro, conta Morais, foi necessário acompanhar Coelho durante vários meses, além de ter acesso aos diários que o escritor guarda sob chave.
Para Morais tudo foram surpresas desde a primeira vez em que se encontrou com o escritor, porque esperava a "um popstar" e no entanto foi "uma pessoa muito singela" que saiu a seu encontro. Contudo, segundo o escritor, ainda sobram dúvidas sobre seu biografado.
Em fevereiro de 1982, em pleno auge de sua época de drogas e satanismo, Coelho foi ao campo de concentração alemão de Dachau e disse ter visto "algo ou alguém" que o encorajou a "mudar o caminho", uma mudança cujo primeiro passo seria se encontrar com alguém dois meses depois.
"Eu não sei o que se passou em Dachau, poderia ser seqüela das drogas ou dos eletrochoques, mas sei que foi muito importante para produzir transformações tão profundas em Paulo", disse Morais.
"Eu não sei o que se passou em Dachau, poderia ser seqüela das drogas ou dos eletrochoques, mas sei que foi muito importante para produzir transformações tão profundas em Paulo", disse Morais.
A partir dessa visita, Coelho abandonou as drogas e as seitas satânicas e dois meses depois conheceu quem ainda considera seu mestre, que lhe encorajou a fazer o Caminho de Santiago, uma viagem da qual nasceria seu célebre romance "Diário de um mago".
"Para o leitor é melhor que a biografia tenha sido escrita por um ateu do que por um crente", considerou Morais, que se mostrou cético quanto aos episódios em que Coelho afirmava ver, escutar ou sentir espíritos. "Compreendi por que não sou um fiel leitor seu, porque para isso é preciso ter fé."
Embora não tenha tido acesso aos originais, Paulo chegou a afirmar que o livro reflete muito bem os fatos de sua vida, mas não sua alma.
Fonte: cidadeverde.com
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