sábado, 16 de maio de 2009

Mentiras com meias verdades, ou verdades com meias mentiras?

Já ouvi muitas verdades que me tiraram o chão. Já falei muitas verdades que, de tão ásperas, quase não me sai da boca. Já fiquei aliviado por falar a verdade e já lamentei ter-la dito sem mensurar as conseqüências. Do contrário também já vivi. Comi o pão que o Diabo amassou por causa da mentira, não só partindo de mim, mas também sendo vítima.

Porém, o que mais me incomoda não são as verdades nem as mentiras, porque se há ocasiões em que a primeira dói a segunda não vai fugir dessa regra. O meu incômodo é a incerteza, a dúvida, a lacuna aberta para questionamentos das verdades ditas com maquiagem, a omissão dos fatos que fazem da verdade camuflada verdade verdadeira. É o que poderia chamar de mentira com cara de verdade, pois não deixe de ser mentira.

Quando uma mentira nos ameaça e resolvemos falar a verdade, optamos fazê-lo de uma forma adequada à verdade predominante ou socialmente aceita. É o que Friedrich Nietzche descreve como Verdade do Rebanho (grifo meu). “O homem do rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho.”

A verdade dita com máscaras a torna mais cruel do que a mentira pura, pois carrega em si o projeto de “limpar” a imagem do mentiroso e enganar a quem ou de onde parte a ameaça de exclusão. Mentir puro e simplesmente pode não ser enganar, mas proteger (fio da navalha), enquanto que maquiar a verdade, nunca, em hipótese nenhuma será para o bem de ninguém senão de si próprio.

2 comentários:

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